quarta-feira, 6 de maio de 2009

Capítulo 10 - O Que Está Acontecendo?

O QUE ESTAVA ACONTECENDO ALI?

Só sei que a Alice não estava normal, estava de um jeito diferente, MUITO diferente.Eu estava assustado demais para pensar em algo naquele momento,a recém descoberta da transformação da Alice estava me deixando louco.Ela tinha acabado de soltar um berro que aterrorizou os mortos, seus olhos estavam vermelhos, e eu não sabia o que acontecia com ela, estava realmente desesperado, com medo de tudo dar errado.Meu primeiro impulso foi de correr atrás de Alice, e assim o fiz.

Fora da ótica, via Alice dobrando a esquina à esquerda, e quando cheguei até a rua em que ela teria virado, procurei-a correndo pela rua. Mas o que me surpreendeu era que Alice não estava mais correndo por aquela rua. Ela havia sumido. E não era exagero meu, era humanamente impossível que ela tivesse corrido tão rápido assim, a ponto de conseguir chegar até a próxima rua.

Mesmo chocado, segui pela mesma rua procurando por casas abertas ou becos em que poderia estar escondida. Nada por ali. Desesperado, caí de joelhos no asfalto, e em um gesto de desespero, alisei meu cabelo para trás.Não havia nada que eu poderia fazer agora, nada mesmo.

Tentando encarar o que havia acontecido, voltei para o acampamento e guardei as coisas.No caminho, vejo três deles andando lentamente. No decorrer do tempo, não havia percebido que os mortos haviam perdido energia, por falta de comida, e agora andavam muito lentamente, como nos filmes de zumbis.

Descubro que se os mortos não se alimentam, suas energias se esvaem.
Descobri a américa.

Já que não me ameaçavam, deixei-os andando atrás de mim inutilmente, e continuei minha caminhada para fora daquela cidade.

Pensanso no que teria deixado Alice do jeito que estava, tiro a BRILHANTE conclusão de que foram os arranhões que ela havia sofrido. Estes carniceiros além de nos matar nos transformam num ser da espécie deles. Igual aos filmes que agente sempre via, sempre reclamávamos que os filmes terminavam sempre com as palavras "Dos Mortos". Como por exemplo, Terra dos Mortos, ou Noite dos Mortos. E também reclamávamos de todos os filmes serem iguais.

Mas não sabíamos que um dia poderia acontecer igual.

A carga estava mais pesada, agora que Alice havia ido embora. Eu sentia muito sua falta, e estabeleci que meu objetivo agora era encontrar Alice. Se viva, faria de tudo para ajudá-la. Se já fosse um deles...

Quando saio da cidade em que nos encontrávamos, me deparo com uma rodovia, com alguns carros batidos, e/ou parados. E em volta vários mortos. Alguns andando, alguns deitados.

Se quisesse seguir em frente, era por ali. Ou então voltar à cidade e morrer.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Capítulo 9 - Fome (Alice's POV)

Ele sabe, ele sabe, ele sabe, dizia uma voz em minha cabeça. Miguel sabe, Miguel percebeu, ele vai correr de você, ele vai te deixar...
E talvez fosse verdade. Ele já devia ter percebido como eu não olhava mais em seus olhos e escondia os meus na cara dura. Também devia ter desconfiado eu querer passar em alguma ótica tão necessariamente. Lentes para que? Ele diria. Olha bem para os meus olhos, babaca.
...Com certeza não daria certo.
Acordei de meu mergulho mental e me fixei na estrada suja à minha frente. Poças de sangue não coagulavam mais nas ruas, e o cheiro era mais forte do que nunca.
E eu estava morrendo de fome. Não era a fome normal, até porque de manhã Miguel tinha preparado alguma coisa para nós, mas aquilo não me saciava, não tinha mais gosto. Minhas veias, meu estômago e meus músculos sentiam uma fome tão diferente, e doía tanto...
“Ali tem a ótica que você queria.” Disse ele, de repente, me assustando.
Tomando cuidado para não olhar para ele, resmunguei.
“Err, vá achar mais comida, que eu vou dar uma volta por lá... para ver se, se, se encontro o que quero.” E saí correndo até a ótica.
“Toma cuidado” ouvi Miguel gritar ao longe, quando minhas mãos com pele descascada estavam na maçaneta.
As luzes do estabelecimento estavam falhando, mas era deserto ali. O cheiro de sangue vinha das janelas. Nem um bicho tinha entrado ali.
Fui meio desconfiado até o balcão dos fundos, onde geralmente eram guardadas as coisas mais valiosas ou mais cuidadosas – a mini fábrica de óculos de grau, as lentes de contato, os documentos e certificados de garantia.
Achando as lentes, escolhi as marrons e tomando coragem, olhei-me no espelho, equilibrando a pequenina gosma escura em meu dedo. Mirei em meu olho esquerdo e coloquei, ajeitando. Pisquei, e quando me senti segura para encarar aquele olhar idiota e bobão que sempre tive, abri os olhos.
Nada marrom predominava minha retina. Era como se eu nunca tivesse colocado a lente.
Peguei outra lente e coloquei no olho de novo, mantendo-o aberto.
E eu vi. Eu vi a lente... Derreter, se diluir, o marrom sumindo, o vermelho aparecendo...
Ah meu Deus.
“Mas o que...”.
Virei-me tremendo para a voz de Miguel, abaixando a cabeça.
“Se vamos morrer em breve, queria fazer um experimento.” Falei, com as cordas vocais não funcionando, enquanto passava por ele. Tinha falado a primeira coisa em minha cabeça.
“E eu posso saber qual era?” Ele estava furioso, era quase palpável, mas eu não iria me virar por nada.
“Nada.” Gritei já na porta, e a escancarei.
Ali, contei rapidamente 20 filhos-da-puta. Qual é, eu podia muito bem estar me tornando um deles, mas ainda tinha medo.
“Miguel!” gritei não olhando para trás, não por esconder minhas pupilas, e sim pelo medo ter me tornado uma estátua.
“O que?” a voz dele vinha de muito atrás – ele não tinha saído do balcão traseiro. “AI!” veio logo depois de ter ouvido uma pele minúscula sendo rasgada, e algo quente e suculento transbordar.
Depois disso, tudo pareceu correr.
Os vermes na porta espernearam por fome, e de dentro de meus pulmões um bolo se formou, transformando-se num rosnado, que se escancarou em minha boca. Todos os parasitas se assustaram e correram débilmente, mas minha mente estava focada em apenas uma coisa.
Quando virei-me, eu vi. O sangue saindo em baldes do pequeno corte no dedo de Miguel. As células – se é que eu ainda as tinha – queimaram minha glicose, me levando até a fonte de força.
A segunda coisa que vi, enquanto corria para o líquido fervente escarlate à minha frente, foi a máscara de espanto no rosto de Miguel.
Ele estava apavorado. Seus olhos estavam arregalados, a boca retorcida em horror. Medo de mim, medo do que eu me tornara, medo de morrer.
Então tudo acabou.
A fome sumiu. O sangue não chamava mais atenção. Minhas pernas tremiam. Meus olhos inundaram-se.
O que diabos estava acontecendo?
No segundo seguinte, eu estava correndo para fora da ótica com minhas forças velhas, com o destino traçado para nunca mais rever Miguel.
Agora é só você nessa, amigão.

Capítulo 8 - Mudanças (Alice's POV)

A noite estava serena. O antigo barulho dos grilos me fazia falta, eu nunca mais os ouvia. As estrelas, mais fracas agora, tentavam conquistar seu brilho na imensidão galáctica coberta por nuvens. Os gritos estavam longe agora. Até que enfim tínhamos encontrado um lugar com paz.
Miguel, ao contrário de mim, conseguia dormir. Sua testa não parava de ficar franzida nem quando sua mente descansava. Pelo menos a dele descansava.
As feridas, antigas e novas, ardiam intensamente, e o sangue nunca estacava. Às vezes elas coçavam, ah é, coçavam muito mesmo.
Encarei-me nos pedaços sobreviventes de um espelho ali presente, e não me reconheci. O medo e a surpresa percorreram todas as minhas veias, sentindo tudo queimar, mas a pessoa no espelho continuava pálida. A pele, com todos os arranhados em péssimo estado, infectados agora, era pálida e estava escamando. Passei a ponta dos dedos em minha bochecha e uma fina camada de pele seca se grudou aos meus dedos. O horror fez minha cabeça girar. Meus dedos penteavam compulsivamente a raiz do cabelo e fios se desprenderam em uma quantidade absurda.
O pânico se apossou de mim, e me senti caindo. Afundei no velho piso de madeira ruim do lugar, recusando-me de olhar para tal criatura no reflexo.
O que diabos estava acontecendo?
Repentinamente, um zumbido muito alto aparece em minha orelha direita. Quando o zumbido se afastou, meus olhos perseguiram furtivamente o criador dele, e se focaram em uma pequena criaturinha nas sombras. Uma mosca? Ela não seria capaz de fazer um barulho tão alto!
Meus olhos saltaram diretamente onde ela se alojava agora, e sem minha permissão, consegui ver cada detalhe do pequeno inseto que estava à cerca de cinco metros a cima de minha cabeça.
As mãos abafaram o grito que se formou em minha garganta.
Eu tinha visto uma mosca de perto. Mais perto do que qualquer olho...
Mais perto do que qualquer olho humano poderia ver.
Encostei minha cabeça nas mãos e as lágrimas vieram em grandes quantidades, inundando minhas bochechas. Em minha cabeça, as únicas coisas que se repetiam eram Eu não sou um deles Eu não sou um deles Eu não sou um deles Eu não sou um deles Eu não sou um deles Eu não sou um deles Eu não sou um deles Eu não sou um deles...

Quando acordei, sentia meus olhos inchados. O sol que eu nunca mais tinha visto reinava no horizonte, trazendo raios alaranjados para dentro do quarto. Miguel não estava mais na cama, e eu tinha dormido no chão, embaixo da janela. Quando retirei as mãos do rosto, percebia as escamas ali, as que saíram de minha própria face, e me descobri coberta por um lençol velho.
Levantei-me, ignorando a repulsa que sentia por mim mesma, e vesti as roupas parcialmente limpas que tínhamos encontrado na casa. As roupas de combate estavam em estado degradante. Parei por um momento, me lembrando das lembranças horríveis do que tinha visto na noite anterior.
O que eu faria agora?
Eu poderia botar em risco a vida de Miguel...
Um calafrio percorreu minha espinha. Balancei a cabeça, afastando o pensamento, e me dirigi à escada, desviando de qualquer coisa que pudesse mostrar meu próprio reflexo. Perto dos lances de escada, peguei as fitas e enrolei meus braços onde os arranhados estavam sangrando e desci em direção a cozinha.
Miguel estava pegando toda a comida do lugar e colocando nas sacolas. Temperos, comidas prontas, congeladas, pacotes de bolachas e chocolates. Comecei a encher as garrafas de água.
- Pensei que iríamos ficar um pouco mais aqui – disse, e suspirei. Tinha gostado um pouco da paz daqui, tirando a descoberta de noite.
- Eu os vi hoje. Não são mais tão sensíveis ao calor do sol, mas parece que os incomoda um pouco. Eles sentiram nosso cheiro já.
Só se for o seu, pensei, mas não disse, porque, sabe Miguel, já percebeu que eu poderia matá-lo a qualquer momento? Os arranhões deram belos estragos...
Eu não sou eles Eu não sou eles Eu não sou eles Eu não sou eles Eu não sou eles. Tive vontade de me bater naquele momento. Eu não ia virar um ser como aqueles canibais, pelo amor de Deus! Os arranhões não paravam de sangrar por serem fundos demais, e minha pele e cabelo eram resultados da má alimentação, não descansar cotidianamente, correr o tempo todo.
Não tinha problema nenhum com isso. Talvez até Miguel estivesse assim.
- Alice? Alice? – ele me chamava, repetidamente, e percebi que tinha estado desligada. – Está me assustando. Dá para pegar as mochilas e sairmos daqui? Anda logo.
- Hmm, é, tá. – E fui confusa até o pé da escada, onde minha mochila estava.
Não percebendo a presença do espelho ali perto, me virei, e o monstro voltou a minha visão.
Menos de um segundo depois, eu estava correndo para a porta, com uma imagem grotesca em minha mente, onde ficaria presa por toda a minha vida.
Meus olhos castanhos, agora, tinha se avermelhado, e o tom escarlate quase predominava.

terça-feira, 24 de março de 2009

Capítulo 7 - A loja de armas - ( PARTE 2 ) - (Miguel's POV)

- QUAL É ALICE, DE ONDE VIERAM ESSES CARAS? - exclamei desesperado, com medo de quebrar minha promessa.

- SOCORRO! - Alice corria como nunca agora.Ela sempre foi boa corredora, mas desta vez parecia que corria um pouco mais.Não sei se seria por medo, pois sempre estivemos com medo; eu pelo menos, desde que acordei naquela manhã onde tudo começou.

Empunhei meu pé de cabra firmemente e corri ao encontro de Alice, com o desespero e a raiva ainda em meus pensamentos.

- Não vai dar tempo! - exlamava triste comigo mesmo - vou falhar - uma lágrima caía - vou deixá-la morrer...

O ódio e a adrenalina passaram por minhas veias, corri o mais rápido que pude até os zumbis que rodeavam Alice agora.Empunhando o pé de cabra, peguei velocidade, e quando me aproximei...

- AHHHH! - o grito de Alice me paralisou por um momento, ela tinha conseguido sair do meio da roda mortal mas agora tinha um novo arranhão na perna, que em carne viva sangrava.

Meu ódio se agravou mais ainda.Corri contra os seres, desferindo fortes golpes contra suas cabeças mortas.

- EU DISSE QUE NÃO IA DEIXAR VOCÊ MORRER.CORRA PARA O TÁXI E SE TRANQUE LÁ DENTRO! - disse desesperado enquanto massacrava os mortos.

Alice correu para o táxi e lá permaneceu cerca de 1 hora, enquanto eu tentava liquidar com muito esforço, os monstros.Estava tudo dando errado naquele dia, e nossa única opção de sobrevivência era entrar na loja de armas e lá permanecer até que eles fossem embora : E assim fiz.

- VAI PRA LOJA DE ARMAS COM CUIDADO E ME ESPERA LÁ, NÃO TENHA MEDO DO CORPO QUE ESTÁ AO CHÃO, FUI EU QUE MATEI ENQUANTO VOCÊ CORRIA.VAI, DEPRESSA!

Alice, para o meu conforto, entrou em segurança na loja sem atrair a atenção de nenhum zumbi para ela.Recuava cada vez mais até a loja de armas, enquanto me defendia dos mortos.Não sabia como não tinha sido arranhado ou mordido ainda, pois só tinha conseguido matar 5 deles.

Quando entrei na loja de armas, me dirigi até os fundos da loja onde havia uma porta que estava trancada.Bati na porta.

- ABRE AÍ, É O MIGUEL! - a porta se abre.

Entrei na tal porta e dei de cara com Alice , que encosta parede e começa a limpar seu ferimento.
Imediatamente tranco a porta, para não morrer.

- VOCÊ TÁ BEM?PELO AMOR DE DEUS! - disse me dirigindo a ela.

- Tô bem, relaxa cara, foi só um arranhão.

- Meu deus, pensei que você ia morrer!Me perdoe, nunca mais faço você se arriscar assim.Eu fui burro, me desculpe. - disse começando a chorar.

- Cara, relaxa. Essa era nossa única escolha a não ser morrer.Você devia estar feliz, pois nosso plano mesmo com 50% de chances de falhar, deu certo!

- Não deu certo! Olha como você ficou! Me perdoe por favor! - disse abaixando a cabeça.

- Não precisa se desculpar. Somos uma equipe, e estamos vivos, isso é o que importa.

Após ouvir essas palavras, nos abraçamos.

- Nós vamos conseguir. - disse confiante.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Capítulo 7 - A loja de armas ( PARTE 1 ) - ( Miguel's POV )

Esta tarde corremos demais para o nosso limite. Estávamos cansados para continuar, e o jeito seria passar a noite em Santa Fé.

- Acho que deveríamos acampar aqui em um lugar seguro até que possamos ir embora. - disse o que pensava para Alice.

- Olha, se acamparmos aqui teremos mais problemas do que todos os que tivemos hoje, tenho certeza disso. - dizia Alice observando cada beco e esquina.

- Mas não vai dar pra atravessar a cidade assim. Pela manhã estaremos no final da cidade e tenho certeza que há muito mais canibais lá. Temos mais chances aqui, onde é mais fácil de achar um lugar para se proteger e temos também muitas coisas a fazer, incluindo uma visita à loja de armas.

Alice pensou um pouco, e depois bufou, dizendo.

- Você me convenceu, vamos ficar. Mas vamos logo buscar os armamentos. Já está anoitecendo e a noite você sabe como eles ficam.

Mesmo não sabendo atirar, eu já estava cansado de correr. Decidimos que iríamos voltar alguns quarteirões até a loja de armas que se encontrava abandonada, como qualquer outro lugar. O único problema é que devíamos usar nossa agilidade ali, pois existia uma quantidade considerável de mortos rondando a área. Supomos que no interior da loja de armas não havia nenhum deles, pois havia uma barricada a barrar a porta, apenas correndo conseguiríamos entrar. Para sair, só metendo bala. Voltamos os quarteirões correndo dos monstros, mas felizmente os despistamos. Atrás de um táxi destruído, nos escondíamos e nos preparávamos para a ação. Enquanto estávamos lá, revisei o plano :

- É o seguinte - disse, baixo, para não denunciar nossa posição - você corre até a esquina, atrai os bichos, dá a volta no quarteirão e me encontra lá dentro da loja, certo?

- Mas Miguel... - ela parecia querer dizer algo, mas na hora mudou o pensamento - Você é bem folgado né? Por que eu tenho que correr?

- Porque eu tenho mais força para arrancar algumas madeiras da barricada com o pé de cabra, e quem corre mais aqui é você.

- Aff! - Alice diz com cara de desânimo.

Estávamos preparados. No momento certo Alice ia até a esquina distrair os monstros enquanto eu arrancava as tábuas. O plano tinha 50% de chances de dar errado e 50% de chances de dar certo. Não sabíamos se havia algum deles dentro da loja, e também, Alice tinha que escapar de 7 zumbis.

- Na minha contagem, ok?

- Mas Miguel, não vai dar certo!

- 3...

- Miguel, por favor, não!

- 2...

- Porquê você não me ouve?

- 1...

- MIGUEL!

- VAI! - gritei e corri para a porta sem olhar para Alice, já arrancando as tábuas com o pé de cabra, enquanto a via dobrando a esquina com os zumbis em seu encalço.

- Abre logo porra! - exclamava comigo mesmo, na pressa e na consciência de que não havia muito tempo, apesar de o quarteirão ser grande. Quando finalmente entrei, a satisfação explodiu em mim como um rojão - CONSEGUI!

Fui infeliz no ato. Minha euforia fez minha desgraça, e eu me perguntei: para que gritar se não tinha certeza se haviam animais na loja? Descobri bem mais rápido do que imaginei. Uma mulher morta se ergueu de trás do balcão, mas como já estava bem podre e com fome por causa do cativeiro, suas forças eram mínimas. A primeira coisa que fiz foi bater com o pé de cabra em sua cabeça com força, a fim de arrancá-la; infelizmente apenas a desloquei de lugar: notei que precisava de mais força.

Com o golpe que desferi contra o ser, o mesmo ficou tonto e desnorteado, possibilitando assim um novo golpe com o pé de cabra. Assim o fiz.

- SAI SEU DESGRAÇADO! - disse, enquanto golpeava mais ainda a cabeça do ser, até que este cai no chão desfalecido.

Supuz que se havia um zumbi aqui, deveria existir outro. Era meio impossível um humano se contaminar sozinho. Haviam muitas possibilidades, mas as mais prováveis eram: O ex-humano ter sido arranhado ou mordido e se transformado aqui, ou o ex-humano teria sido mordido por um zumbi aqui dentro. Eu apostava mais na primeira opção, mas era melhor prevenir do que remediar; estava quase no tempo certo de Alice chegar.

Dei outro grito, desta vez mais alto ainda:

- APARECE SEU FILHO DA MÃE! - esperei um minuto, mas nada aconteceu. Então concluí que a primeira opção era a correta.

Mal gritei, ouço um grito próximo :

- MIGUEL, MAIS UNS 8 DELES APARECERAM! PREPARE A MUNIÇÃO E VENHA AQUI FORA! - gritava Alice, com a voz cheia de pavor - DESSA VEZ EU SOU O JANTAR, VEM LOGO!

Estávamos numa situação crítica. Era usar a coragem e atirar ou morrer ali.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Capítulo 6 - Passagem (Miguel's POV)

(Guys, temos mudanças. Ainda continuaremos com o padrão de o Bravinn escrever a parte do Miguel e eu a da Alice, mas temos um porém: não terá mais "a cada 3 caps, o POV muda". isso foi julgado por uma chata que escreve vulgo: eu demorar demais para escrever, e o outro escritor ficar com raiva tá tá, você não fica. então, é isso. postando por ele por causa do tempo, See Yah!)

Estávamos quase lá, apenas alguns quilômetros a mais, se é que a minha geografia esteve firme todos estes meses desde o começo do fim. A cidade não era uma coisa boa para nós, pois estávamos mais seguros naquela estrada mal acabada e deserta, do que numa cidade, rodeada de zumbis.

- Olha Miguel, eu estive pensando, e acho que é melhor agente passar direto pela cidade sem nem parar na farmácia. – Alice diz, enquanto me ajudava a montar o acampamento.

- Mas porquê? – retruquei indignado.

- É mais seguro, e esta ferida não vai incomodar muito, acho.

- Sério Alice, eu acho melhor pararmos. Estive suspeitando que você possa se tornar um deles com este arranhão.

- Mesmo sendo um deles que me arranhou, foi só um arranhão! E mesmo se for hostil ,nós não somos farmacêuticos para saber reverter a toxina, vírus, mandinga ou qualquer outra coisa que possa ser a casua da contaminação. E mesmo se fôssemos farmacêuticos, esta epidemia nunca aconteceu antes na história, e aposto que nenhum farmacêutico saberia reverter isto.

- Mas como vamos deixar você...

- Miguel, não se preocupe. Se algo acontecer comigo, apenas corra. Ou me mate se quiser.

- Não vou deixar você morrer...

- Relaxa cara, essa aqui ainda dura muito pra te encher.

- Tomara... – sussurrei

- Oi?

- Nada, vamos dormir que amanhã é correria, literalmente.

Me recolhi e fiquei acordado algum tempo, pensando na possibilidade de Alice se transformar. Naquela noite, jurei a mim mesmo que não ia deixar nada de mal acontecer com ela e nem comigo.

Na manhã seguinte acordei mais tarde do que deveria e vi que Alice já estava acordada, preparando o café.

- Bom dia flor do dia, como vai sua tia?

- Essa é mais velha que o Iron Maiden.. – disse ela em tom de deboche.

- Não corta meu barato pô. – disse rindo da situação.

- E aí, vai querer o quê para o café? Torradas com manteiga ou torradas com manteiga?

- Olha eu acho que vou querer torradas com manteiga, tem?

- Tem.

Enquanto estávamos comendo, conversávamos como sempre. Logo terminamos o café, desmontamos o acampamento, guardamos tudo e rumamos à cidade. Já conseguíamos ver a placa do limite territorial da cidade de Santa Fé, meio que uma ironia do destino, pois santa fé era o que agente mais precisava no momento.

Entramos na cidade, e a princípio achamos tudo silencioso demais. Com experiência em lidar com canibais, andávamos devagar e silenciosamente. Nossas roupas com cheiro de comida agora estavam bem lavadas e perfumadas graças àquele produto que a Alice falou que a mãe dela usava e por isso ela era sempre cheirosa.

- Miguel, você vai me ouvir e passar direto, ou parar na farmácia inutilmente?

- Olha, estive pensando ontem a noite, e acho melhor colocar nossas vidas em primeiro lugar. Temos mais chances de sobreviver se passarmos direto e continuarmos nossa busca por refugiados.

- Sabia que você ia fazer isso, alguns meses de convivência e eu já sei como você pensa.

- Isso seria bom?

Um canibal surge na esquina mais próxima de mim, se aproxima rapidamente, e como estava muito próximo e graças ao susto, dou-lhe um considerável soco que desmonta suas mandíbulas podres, onde sua arcada dentária é tão amarela quanto as pétalas de um girassol. Parecia que cada um deles era diferente dos demais, mas iguais ao mesmo tempo. Cada um dos carniceiros tinha sua característica própria, apenas seu olhar, seu fedor, seu bafo e sua fome o faziam iguais.

Continuamos andando, sem achar mais nenhum deles.Será que a cidade seria mais segura que a estrada? Será que poderíamos procurar uma cura? Mais perguntas sem respostas depois de tantos meses. Uma coisa é fato: quando você pensa que se livra de uma coisa, ela volta para te encher o saco.

Capítulo 5 - Únicos (Alice's POV)

Nos últimos dias, a quantidade de animais foi muito maior do que antes. Agora vinham em grupos, a maioria mais de dez, nos deixando incapacitados de lutar, nos levando a correr, correr e correr. Era realmente estranho. Sempre encontrávamos poucos, dois ou três juntos no açougue de um supermercado, na escuridão de becos e casas abandonadas, mas nunca mais de dez, nunca. E agora eles eram atraídos a nós, mais desvairados do que nunca foram.

- Talvez seja o nosso cheiro. – Miguel disse me despertando de especulações básicas, e cheirando sua camisa que parecia ter semanas. – Estou cheirando a sangue puro, ugh.

- Mas – resolvi por meus pensamentos em prática, talvez ele me ajudasse. – e se eles estão ficando mais fortes? Mais sensíveis a cheiro, e visão? Lembra como não saiam muito quando fazia sol? Agora eles saem.

Ele tornou uma face pensativa, encarando os fatos.

- Não me surpreendo. Eles devem ter consumido o estoque de carnes bovinas da cidade inteira!

Limitei-me a acenar com a cabeça. Eu não tinha certeza de nada, muito menos ele. Estávamos saindo da cidade, em uma estrada mais deserta do que, antigamente, poderia existir. Podíamos estar andando por horas e eu não perceberia. Perdi a noção do tempo completamente, talvez porque não importava mais. Talvez porque não queria. Talvez porque o tempo não existisse mais.

A dor ardida dos arranhados desde o acontecido na “Mansão da Sílvia” nunca pararam. Eu já tinha percebido o quão problemáticos eles ficaram – até porque, depois de tantos dias, eles não cicatrizavam, e continuavam a sangrar sem parar – mas é claro que Miguel não sabia. Eu não precisava de alguém se importando comigo, eu não precisava de ninguém ligando para meu estado.

Mesmo assim, naquele momento, no meio do nada, eu não agüentei mais esconder. Por baixos da minha blusa de mangas longas, as feridas pareciam rasgar mais minha pele, corroendo meu auto controle, me deixando fraca, e eu não pude me impedir de gritar. Para mim mesma, foi o grito mais horripilante que já ouvira, mesmo que nesses meses (é, já deviam ser meses) a única música eram os berros famintos dos animais.

Manchas de sangue encobriram o tecido de meus ombros, e eu gritei novamente. Ardia, parecia nunca acabar, queimava minha pele. Cai sem forças nos chão.

Uma garota de 16 anos não devia passar por isso. Não devia correr para salvar sua vida, não devia não ter esperança. Era demais para mim e meu sistema nervosa. Toda a pressão, e ainda feridas.

Na mesma hora, Miguel me segurou, com uma clara expressão de choque nos olhos. Parecia não saber o que fazer no primeiro momento, parecia estar morrendo de medo de ser meu fim. Com um pouco de dúvida explícita, ele rasgou facilmente as mangas de minha camiseta para analisar os cortes, e sua expressão não fora nada agradável. Me olhou com desaprovação, e uma fúria se construindo nas beiradas do raciocínio.

- Porque não me contou? – ele parecia curioso pelo porque de minha atitude.

- Na nossa situação, fazer você se importar com mais isso ia ser puro egoísmo.

Ele pareceu incrédulo.

- Essa é a maior besteira que eu já ouvi! – bufou com uma desaprovação mais do que aparente e voltou seus olhos para minhas feridas abertas, que transbordavam de sangue. Estendeu a mão para a mochila e pegou um pano que aparentava estar limpo. Eu sabia que só aparentava.

Ficamos em um silêncio agradável por um tempo. Olhava ao redor daquele imenso lugar coberto pelo sol, aquela estrada vazia, e só nós dois, sentados no meio dela. Uma brisa muito leve jogou meu cabelo para trás, e a solidão se apossou de mim.

- Você acha que podemos ser... os últimos?

Ele parou de limpar minhas feridas, e seus olhos ficaram sem foco por um momento, não vendo ao certo meu braço a sua frente. Perdido em pensamentos, como sempre, como eu. Eu jurei ter visto um brilho em seus olhos; uma pequena fração de água em excesso querendo transbordar de seus olhos. Quando ele finalmente falou, era decidido, confiante.

- Há esperança. Eu vou tirar agente dessa.

Suspirei. Eu queria chorar. Eu queria fazer um escândalo. Eu queria mandar para o inferno a máscara de apática, de frieza, de sem interesse. Eu não agüentava mais um minuto ser ameaçada de morte. A decidida fala dele me impediu disso. Eu era fraca demais aqui dentro.

Ele rasgou o pano em dois e amarrou em duas feridas, estacando o sangue. Levantou-se e estendeu a mão em ajuda para me levantar. Segurei sem hesitar.

- Quando chegarmos a alguma cidade, vou pegar na farmácia coisas para seus machucados.

- É claro, Sr. Me Preocupo Com Qualquer Merda.

Ele riu exultante; toda a ironia voltara. Que se dane as máscaras, eu agüento mais um pouco.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Capítulo 4 – Olhar Humano (Alice’s POV)

(gente, primeira vez minha aqui. Deixando claro: a cada 3 capítulos, o POV [Point Of View/Vision, Ponto de Vista] muda. Eu sempre escreverei as POV's da Alice, e o Bravinn sempre as do Miguel. See Yah!)

Era inacreditável eu já estar bufando. Poderia dizer que estava correndo carregando uma bolsa de 5 quilos há umas 3 horas, mas minhas condições físicas já foram melhores. Miguel seguia um pouco atrás de mim com duas mochilas lotadas nas costas.

Era ótimo. Quanto mais suprimentos, menos vezes lá fora, mais tempo em um lugar seguro.

Fechei meus olhos enquanto respirava aos arquejos, e fora a pior idéia. As últimas imagens de uma vida perfeito (agora, vista de um ponto onde eu precisava correr a maior parte do meu dia para não virar comida) nessa mesma cidade. Meus amigos, minha família, tudo normal, mas agora, reconfortante. As imagens seguintes não eram nem um pouco agradáveis como as anteriores – os rastros de sangue, os gritos ensurdecedores, meu nome saindo de lábios desesperados. Precisei de pelo menos alguns bons segundos para me libertar das imagens que nunca saiam das minhas pálpebras, recompor minha expressão esperançosa e correr mais rápido dos animais que pareciam com os da minha mente.

Entramos em um beco e tive que me apoiar na parede para recuperar o fôlego.

- Quando diabos vamos ter paz? – disse Miguel, pegando golfadas de ar – e quando vamos poder parar de correr, aliás...

- “Paz” foi retirado do mundo nessa situação.

- Adoraria negar, mesmo sendo impossível.

Olhei para a parede ao meu lado e lá havia uma porta entreaberta, com uma placa velha cheia de dentadas escrita “Mansão da Sílvia”.

- Hey, achei um lugar bom para ficarmos! A primeira vez em semanas que dormiremos em um colchão, talvez – adentrei o local sem excitar, mas Miguel me puxou pelo braço.

- É bem capaz de estar infestado pelos parasitas – disse ele, olhando para dentro do lugar com a única luz vinda da porta – não é melhor eu ir na frente?

- Você diz como se eu não soubesse me cuidar! Estou sobrevivendo sozinha há mais tempo que você, garoto – era estúpido pensar que eu tinha que tomar cuidado – fui eu que te salvei naquele mercado, nunca se esqueça.

Na mesma hora, até mesmo na mesma fração de segundo, um dos filhos da mãe salta sobre mim, me derrubando. Arranhava minha pele com toda a força, compulsivamente, e gritava sem parar estourando meus tímpanos. O cheiro de carniça era forte demais, e os dentes a mostra faziam minha pele parecer mais frágil do que nunca. O hálito, tão perto de mim, e os olhos – não mais humano – de um vermelho jamais visto antes mostravam meu fim. Era ali que eu provavelmente morreria, uma das poucas sobreviventes, a garota de 16 anos, Alice Morelli...

Mas pera, cadê o Miguel?

- Desgraçado! – e o barulho metálico da estaca de ferro nas mãos dele bate de novo no crânio do verme em cima de mim – tire as mãos dela!

O ser que continuava a me arranhar passa uma rasteira em Miguel, parecendo um pouco tonto pelas batidas na cabeça com a estaca.

Ótimo. Chega a ser lindamente dramático.

As feridas doíam e a cada vez mais me sentia fraca. Miguel estava caído, inerte, com um ferimento na testa, enquanto eu lutava para me levantar e tirar aquele bicho de cima de mim.

Por um segundo, a fera olhou dentro de meus olhos e vi algo que nunca pensei ver – uma pontada de dor humana, dor por um desespero humano, uma familiaridade com alguma lembrança que tentava adentrar minha visão.

Miguel se recuperara e, ganhando consciência, pegou a estaca novamente e acertou a cabeça daquele quase humano pela lateral.

- Você está bem? – Miguel perguntou, colocando meu braço em seu pescoço e me ajudando a levantar – Eles te arranharam feio dessa vez. Agora, Sra. Sei Me Cuidar Melhor Que Você, fui eu que te salvei, nunca se esqueça disso – repetiu ele as palavras que eu, anteriormente citara.

Enquanto ele examinava os cortes em meus braços e meu rosto, aqueles olhos ainda estavam na minha mente. Depois lembrei o que eles me lembravam: os olhos de meu irmão mais velho.

- Ele era humano... AI! – os ferimentos ardiam enquanto ele examinava.

- Todos eram humanos antes de virarem predadores – murmurou ele.

- Ele parecia meu irmão.

Isso pareceu deixá-lo chocado, ou lhe dei uma chance de lembrar de algo.

- Eu... sinto muito, muito mesmo.

Eu ainda não sentia a necessidade de ficar triste por isso. Estranho. Vai ver era porque aquela coisa queria a minha vida para viver.

- Não sinta, sério. Agora, chega de piedade demodramática – me levantei, meio cambaleando.

- É, certeza – pegou minha bolsa e colocou em cima das outras duas em suas costas, enquanto saíamos daquele beco, torcendo para não termos que correr mais uma vez.

Parecia estar tudo calmo, o “normal” de antigamente, e silencioso...

Mas talvez silencioso demais.

Começamos uma pré-corrida para o caso da aparição dos vermes, tentando achar um lugar para ficar, até que vi uma grande casa familiar, com a velha pintura amarela desgastada suja com manchas de sangue. Minha antiga escola. Adentramos com muito cuidado, sem querer fazer barulho. Atualmente, tudo cheirava carniça e sangue, mas esse lugar parecia estar inabitado. Estávamos quebrados, a falta do colchão não ia mudar muita coisa em nossa situação.

Um pouco de paz de espírito, uma noite de sono, onde podíamos certamente por algumas horas nos desvencilhar daquele terrível mundo que vivíamos atualmente.

Isso podia ter acontecido, mas não.

Enquanto estávamos prestes a cair na inconsciência, deitados no duro piso de concreto, passos bruscos demais para serem humanos pareciam correr em nossa direção, farejando, gritando pela fome.

É, essa seria mais uma noite muito longa.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Capítulo 3 - Em busca de suprimentos

Acabei de acordar, estou meio sonolento e minhas pálpebras não querem se levantar de modo algum.Dirijo-me até a torneira para lavar o rosto, quando vejo que Alice ainda está dormindo.Lavo meu rosto e vou em sua direção, a fim de acordá-la.

- Ei, acorda! - digo eu sacudindo Alice - precisamos buscar alguma coisa pra comer.

- Mas tem que ser agora? - diz Alice com sono - eu tava dormindo tão bem...

- Não sei por você, mas por mim tem que ser agora ou eu morro de fome.

- Então tá, né..

Alice se levanta e vai lavar seu rosto para tirar o sono, mas percebo que enquanto corríamos dos monstros a caminho do supermercado, ela não havia perdido o sono ainda.Quando estávamos no estacionamento do mercado, vimos que sua porta estava escancarada e entramos.As luzes do local estavam acesas, mas várias prateleiras e produtos estavam ao chão, e havia sangue por todos os cantos.

- Alice, pegue uns salgadinhos, energéticos, refrigerantes, e algumas verduras.Eu vou pegar um pouco de legumes, doces, e algumas frutas.

- Só isso Miguel? - pergunta Alice - Você não come carne?

- Do jeito que esses monstros são, já devem ter comido tudo.E mesmo se tiver alguma carne não pegue porque devem estar contaminadas com as mordidas dos zumbis.Nos vemos no caixa 7 certo?

- Certo.

- Tenha cuidado, até lá. - digo me afastando de Alice e indo procurar os suprimentos necessários.

O supermercado estava cheio dos canibais, mas graças ao nosso dom de correr, conseguimos escapar ( alguns deles são lerdos, acredite ).Depois de pegar os suprimentos me dirigi ao caixa 7, e arrastei algumas prateleiras até lá de modo que nenhum monstro daqueles pudesse me ver nem atravessar a barreira.Que tédio, Alice estava demorando muito quando decidi tomar uma atitude : Fui até a ala de limpeza, peguei um cabo de vassoura e fui atrás de Alice.

Corri bastante dos canibais, mas só depois notei o motivo que tinha pegado o cabo de vassoura.Bati em alguns deles com todas as minhas forças, ferindo-os.

- Ah, agora eu estou salvo.Mas onde será que anda Alice?Será que está no caixa 7? - pensei enquanto ofegava depois de bater nos monstros.

De repente, um filho da mãe sai de trás do balcão do açogue.Meu corpo fica paralisado, ele estava muito perto. O susto foi tão rápido quanto meu reflexo, por instantes pensei que iria ser mordido e iria virar um deles.O morto pula para cima de mim, e, se não tivesse me protegido com o cabo de vassoura, seria tarde de mais.Eu via sua face esquelética e em carne viva, com seus olhos saltando para fora,seus urros quase estourando meus tímpanos, o cheiro podre de carniça em minhas narinas, o desejo de saciar sua fome.Não tinha outro jeito, iria morrer ali mesmo, no chão do supermercado Pascoal.Assim seria o fim do adolescente de 16 anos Miguel Battelli.

Fechei os olhos esperando apenas os dentes podres se cravarem em minha carne.A qualquer momento...

- Sai daí fedorento! - uma voz feminina grita, e sinto que o peso do corpo morto que estava sobre mim se alivia com um tranco. - Ei, você tá legal?

Abro meus olhos e vejo que Alice está em minha frente e estendendo sua mão para me ajudar a levantar.

- Alice!Eu é que pergunto se você está bem, estava te procurando, onde você estava?

- Eu estava pegando o que você me pediu oras, mas você sabe que é difícil fazer isso com tanto morto por aí.

- Ah.. e obrigado por me salvar, te devo essa.

- Nada.

Acabara de ser salvo por uma nova amiga, e isso me deixava feliz por dois motivos : Ter uma nova amiga e sobreviver.Saímos daquele mercado o mais rápido que pudemos e seguimos em frente em busca de outro lugar para se proteger.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Capítulo 2 - A sobrevivente

Dois dias se passaram desde o ocorrido em casa.Descobri tudo o que aconteceu enquanto dormia, finalmente: os mortos começaram a andar novamente, e eu agora estava cercado por vários deles no mundo inteiro, ou pelo menos na minha cidade. o pior: todos com fome.No dia em que os mortos se levantaram, espalharam o medo e o terror por todo o planeta. Suponho que um desses filhos-da-mãe entraram em casa e tentaram morder alguém.Eu por algum motivo fiquei desacordado por alguém ter me trancado no quarto.

Nesses dois dias que se passaram, eu saí de meu bairro e devo ter emagrecido uns 10 quilos, apenas por correr dos monstros que queriam se alimentar de mim.Todo canto está enfestado deles e se eu não corresse tão bem, já teria virado um. Procurei um local seguro e achei essa locadora, que por sorte não havia nenhuma aberração esperando para me devorar.Agora estou sozinho e com fome, bebendo só a água da torneira. Preciso tomar uma atitude ou em poucos dias morrerei por gastar tanta energia sem repôr.

Eis que ouço passos vindo na direção da porta da locadora. Lembro-me que não tranquei-a pelo desespero, então corri para barrá-la com alguma coisa.Vejo uma prateleira onde se encontram uns filmes de comédia, um flash de memórias felizes escapa para minha mente, me fazendo lembrar dos bons tempos que tinha com meus amigos e minha família em frente a TV. Empurro a prateleira para trás da porta a fim de barrá-la, mas antes que eu fizesse isto,a porta já estava aberta.Prendi a respiração e fui para um canto escuro da sala tentando me esconder.Vejo um vulto com perfil feminino entrar na locadora e seguir calmamente em minha direção.Já era hora de mostrar meu ódio por esses animais.Estou preparado para o que acontecer, o maldito está se aproximando devagar.Estou suando frio mas agora é a hora, o vulto está perto demais.

- AI! - meio segundo depois e eu havia levado um soco na boca, que agora estava sangrando.

Observo bem e vejo que não se trata de um dos filhos-da-mãe, e sim de uma garota morena,olhos castanhos,mais ou menos minha idade e um pouco mais baixa do que eu, aproximadamente uns 5 centímetros. Eu tinha um metro e setenta.

- Pô, você tá ficando louca garota?! - Exclamei com raiva.

- Me desculpa cara, pensei que fosse um dos monstrengos! - Respondeu a garota.

- É, mas como você acabou de descobrir, eu não sou um.

- Nossa, desestressa aí,Foi só um soquinho.

- UM SOQUINHO?MINHA BOCA ESTÁ SANGRANDO!

- Fala baixo senão um deles pode nos ouvir! - ela sussurrou

Sempre fui meio esquentado, e agora que percebi que estava gritando, abaixei o tom, amedrontado.

- Tanto faz eles nos ouvirem se você socar eles assim também. - Disse emburrado.

- Então, qual é o seu nome? - Pergunta ela, tentando amenizar o clima.

- Miguel, e o seu?

- Alice, prazer. - Ela estende a mão para mim, eu aperto sem excitar.

- Então Alice - me levanto cambaleando, ainda meio zonzo por conta do soco - o que faz aqui?

- Bem, eu sou do outro lado da cidade, e desde que os mortos atacaram, eu estou vagando em busca de algum sobrevivente.Agora que achei um eu pretendo achar mais alguns até formar um grupo. Minha família sumiu de casa e eu não sei se eles sobreviveram ou estão mortos vagando por aí. A esperança é a última que morre, então provavelmente encontrarei com eles em breve.

- Bem, eu estava precisando de companhia mesmo...eu perdi minha família num ataque e... - calei-me por uns instantes, não conseguindo continuar a contar o que havia acontecido.

- Ah, meus sentimentos, de verdade.

- Obrigado.

- E agora o que faremos?

- Bom, se eu não morrer de fome vou morrer por conta desses malditos, então o melhor que temos a fazer é procurar abrigo, comida e água.

- Certo, pode contar comigo. Só desviar dos canibais e tá certo.

- Então acho melhor agente passar em algum super mercado e pegar suprimentos para conseguir ir para um lugar seguro. - disse com a certeza que os mercados estavam todos abandonados por conta do ataque dos mortos.

- Vindo para cá, vi um pequeno à 2 quadras daqui.

Fiquei feliz de achar um sobrevivente, mesmo que não fosse conhecido. Ainda estava muito abalado por aquela situação: meus pais mortos, meus amigos mortos, vários monstros famintos por carne soltos por aí.Mas mesmo com o coração ferido por ter perdido tudo e mais um pouco, virei um sobrevivente em um mundo que não é mais meu.Quem saberia se um dia eles me pegassem? A raça humana estaria realmente extinta? A humanidade daria a volta por cima?
Mais perguntas sem respostas em minha cabeça, eu odiava aquilo.

Capítulo 1 - O começo do medo

Finalmente acordei.Não sabia onde estava,nem que horas eram, a única coisa que sabia era que estive inconciente por um bom tempo e agora finalmente acordei.O que será que teria acontecido nesse meio tempo em que fiquei desacordado?Acho melhor me levantar e ver o que aconteceu, embora o medo tome conta de mim no momento.Não me lembro de nada apesar de saber que nada bom ocorreu nesse tempo,e antes de procurar saber o que houve, preciso saber onde estou.Me levanto com muito esforço pois minhas pernas doem e meu corpo está todo ferido, preciso me localizar o mais rápido possível.

Olho com atenção o ambiente que está ao meu redor e percebo que estou em casa,no meu quarto.Onde estariam meus pais e meus irmãos?Estou confuso demais, muitas perguntas assolam minha mente.Onde estão todos?Porque a mesa está ao chão?Qual é o motivo da bagunça em casa já que mamãe nunca deixava nada fora do lugar com suas crises de ordem?E pior que as perguntas somente era que nenhuma delas tinham respostas.Chamo por minha família e aguardo alguma resposta que me deixe feliz, e que faça meu medo desaparecer, como a voz da minha mãe.Como não ouço nenhuma resposta de meus pais ou irmãos, resolvo ver o que aconteceu na rua.Vejo que meu quarto está trancado, e vejo também que a chave está logo abaixo de mim.Pego-a e abro a porta, desço as escadas e vou até o portão da frente.

O portão está aberto e com o cadeado ao chão, pois é um portão de grades.Olho para os lados da rua, como se fosse atravessá-la na esperança de ver alguém conhecido, o medo ainda me habita.Subitamente, ouço um ruído atrás de mim : o ruído vinha do quintal de minha casa.Me viro e observo atentamente, procurando por algum sinal de vida já que tudo estava deserto ,e,Para minha alegria vejo uma mulher, com cabelos negros e média estatura e noto que era minha mãe.Alegre por ter encontrado minha mãe, grito :

- Mãe!A senhora está bem!?O que aconteceu aqui mãe!?

No mesmo instante, minha mãe me olha e em seu rosto pálido,há uma face rasgada deixando a mostra seus dentes.Levo um susto, e, ainda maior ,quando minha mãe hurra enraivecidamente e vem correndo em minha direção.Por reflexo, fecho o portão de minha casa e tranco o cadeado, bem na hora em que ela chega até mim.Separados pela grade, eu olho minha mãe atrás do portão estendendo os braços para mim, me olhando com raiva,hurrando e sacudindo a grade com força, com a intenção de me retalhar.Com os olhos cheio de lágrimas,olho melhor para ela e concluo que não era minha mãe realmente, era um monstro.

- Ma-mãe... - digo com a voz embriagada - O q-que acont-teceu com a s-senhora, m-mãe?

Começo a chorar.Minha mãe se tornara um monstro, minha mãe morrera.E se ela havia se tornado um, suponho que os outros também.Será que a humanidade inteira estaria transformada?Será que haviam sobreviventes?O que eu faria agora?Muitas perguntas sem respostas, que só aumentavam minha tensão.O monstro está quase derrubando a grade, e em prantos, saio dali correndo para procurar alguma pista sobre o que aconteceu enquanto estava inconciente, antes que ela realize seu desejo de me retalhar.