sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Capítulo 7 - A loja de armas ( PARTE 1 ) - ( Miguel's POV )

Esta tarde corremos demais para o nosso limite. Estávamos cansados para continuar, e o jeito seria passar a noite em Santa Fé.

- Acho que deveríamos acampar aqui em um lugar seguro até que possamos ir embora. - disse o que pensava para Alice.

- Olha, se acamparmos aqui teremos mais problemas do que todos os que tivemos hoje, tenho certeza disso. - dizia Alice observando cada beco e esquina.

- Mas não vai dar pra atravessar a cidade assim. Pela manhã estaremos no final da cidade e tenho certeza que há muito mais canibais lá. Temos mais chances aqui, onde é mais fácil de achar um lugar para se proteger e temos também muitas coisas a fazer, incluindo uma visita à loja de armas.

Alice pensou um pouco, e depois bufou, dizendo.

- Você me convenceu, vamos ficar. Mas vamos logo buscar os armamentos. Já está anoitecendo e a noite você sabe como eles ficam.

Mesmo não sabendo atirar, eu já estava cansado de correr. Decidimos que iríamos voltar alguns quarteirões até a loja de armas que se encontrava abandonada, como qualquer outro lugar. O único problema é que devíamos usar nossa agilidade ali, pois existia uma quantidade considerável de mortos rondando a área. Supomos que no interior da loja de armas não havia nenhum deles, pois havia uma barricada a barrar a porta, apenas correndo conseguiríamos entrar. Para sair, só metendo bala. Voltamos os quarteirões correndo dos monstros, mas felizmente os despistamos. Atrás de um táxi destruído, nos escondíamos e nos preparávamos para a ação. Enquanto estávamos lá, revisei o plano :

- É o seguinte - disse, baixo, para não denunciar nossa posição - você corre até a esquina, atrai os bichos, dá a volta no quarteirão e me encontra lá dentro da loja, certo?

- Mas Miguel... - ela parecia querer dizer algo, mas na hora mudou o pensamento - Você é bem folgado né? Por que eu tenho que correr?

- Porque eu tenho mais força para arrancar algumas madeiras da barricada com o pé de cabra, e quem corre mais aqui é você.

- Aff! - Alice diz com cara de desânimo.

Estávamos preparados. No momento certo Alice ia até a esquina distrair os monstros enquanto eu arrancava as tábuas. O plano tinha 50% de chances de dar errado e 50% de chances de dar certo. Não sabíamos se havia algum deles dentro da loja, e também, Alice tinha que escapar de 7 zumbis.

- Na minha contagem, ok?

- Mas Miguel, não vai dar certo!

- 3...

- Miguel, por favor, não!

- 2...

- Porquê você não me ouve?

- 1...

- MIGUEL!

- VAI! - gritei e corri para a porta sem olhar para Alice, já arrancando as tábuas com o pé de cabra, enquanto a via dobrando a esquina com os zumbis em seu encalço.

- Abre logo porra! - exclamava comigo mesmo, na pressa e na consciência de que não havia muito tempo, apesar de o quarteirão ser grande. Quando finalmente entrei, a satisfação explodiu em mim como um rojão - CONSEGUI!

Fui infeliz no ato. Minha euforia fez minha desgraça, e eu me perguntei: para que gritar se não tinha certeza se haviam animais na loja? Descobri bem mais rápido do que imaginei. Uma mulher morta se ergueu de trás do balcão, mas como já estava bem podre e com fome por causa do cativeiro, suas forças eram mínimas. A primeira coisa que fiz foi bater com o pé de cabra em sua cabeça com força, a fim de arrancá-la; infelizmente apenas a desloquei de lugar: notei que precisava de mais força.

Com o golpe que desferi contra o ser, o mesmo ficou tonto e desnorteado, possibilitando assim um novo golpe com o pé de cabra. Assim o fiz.

- SAI SEU DESGRAÇADO! - disse, enquanto golpeava mais ainda a cabeça do ser, até que este cai no chão desfalecido.

Supuz que se havia um zumbi aqui, deveria existir outro. Era meio impossível um humano se contaminar sozinho. Haviam muitas possibilidades, mas as mais prováveis eram: O ex-humano ter sido arranhado ou mordido e se transformado aqui, ou o ex-humano teria sido mordido por um zumbi aqui dentro. Eu apostava mais na primeira opção, mas era melhor prevenir do que remediar; estava quase no tempo certo de Alice chegar.

Dei outro grito, desta vez mais alto ainda:

- APARECE SEU FILHO DA MÃE! - esperei um minuto, mas nada aconteceu. Então concluí que a primeira opção era a correta.

Mal gritei, ouço um grito próximo :

- MIGUEL, MAIS UNS 8 DELES APARECERAM! PREPARE A MUNIÇÃO E VENHA AQUI FORA! - gritava Alice, com a voz cheia de pavor - DESSA VEZ EU SOU O JANTAR, VEM LOGO!

Estávamos numa situação crítica. Era usar a coragem e atirar ou morrer ali.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Capítulo 6 - Passagem (Miguel's POV)

(Guys, temos mudanças. Ainda continuaremos com o padrão de o Bravinn escrever a parte do Miguel e eu a da Alice, mas temos um porém: não terá mais "a cada 3 caps, o POV muda". isso foi julgado por uma chata que escreve vulgo: eu demorar demais para escrever, e o outro escritor ficar com raiva tá tá, você não fica. então, é isso. postando por ele por causa do tempo, See Yah!)

Estávamos quase lá, apenas alguns quilômetros a mais, se é que a minha geografia esteve firme todos estes meses desde o começo do fim. A cidade não era uma coisa boa para nós, pois estávamos mais seguros naquela estrada mal acabada e deserta, do que numa cidade, rodeada de zumbis.

- Olha Miguel, eu estive pensando, e acho que é melhor agente passar direto pela cidade sem nem parar na farmácia. – Alice diz, enquanto me ajudava a montar o acampamento.

- Mas porquê? – retruquei indignado.

- É mais seguro, e esta ferida não vai incomodar muito, acho.

- Sério Alice, eu acho melhor pararmos. Estive suspeitando que você possa se tornar um deles com este arranhão.

- Mesmo sendo um deles que me arranhou, foi só um arranhão! E mesmo se for hostil ,nós não somos farmacêuticos para saber reverter a toxina, vírus, mandinga ou qualquer outra coisa que possa ser a casua da contaminação. E mesmo se fôssemos farmacêuticos, esta epidemia nunca aconteceu antes na história, e aposto que nenhum farmacêutico saberia reverter isto.

- Mas como vamos deixar você...

- Miguel, não se preocupe. Se algo acontecer comigo, apenas corra. Ou me mate se quiser.

- Não vou deixar você morrer...

- Relaxa cara, essa aqui ainda dura muito pra te encher.

- Tomara... – sussurrei

- Oi?

- Nada, vamos dormir que amanhã é correria, literalmente.

Me recolhi e fiquei acordado algum tempo, pensando na possibilidade de Alice se transformar. Naquela noite, jurei a mim mesmo que não ia deixar nada de mal acontecer com ela e nem comigo.

Na manhã seguinte acordei mais tarde do que deveria e vi que Alice já estava acordada, preparando o café.

- Bom dia flor do dia, como vai sua tia?

- Essa é mais velha que o Iron Maiden.. – disse ela em tom de deboche.

- Não corta meu barato pô. – disse rindo da situação.

- E aí, vai querer o quê para o café? Torradas com manteiga ou torradas com manteiga?

- Olha eu acho que vou querer torradas com manteiga, tem?

- Tem.

Enquanto estávamos comendo, conversávamos como sempre. Logo terminamos o café, desmontamos o acampamento, guardamos tudo e rumamos à cidade. Já conseguíamos ver a placa do limite territorial da cidade de Santa Fé, meio que uma ironia do destino, pois santa fé era o que agente mais precisava no momento.

Entramos na cidade, e a princípio achamos tudo silencioso demais. Com experiência em lidar com canibais, andávamos devagar e silenciosamente. Nossas roupas com cheiro de comida agora estavam bem lavadas e perfumadas graças àquele produto que a Alice falou que a mãe dela usava e por isso ela era sempre cheirosa.

- Miguel, você vai me ouvir e passar direto, ou parar na farmácia inutilmente?

- Olha, estive pensando ontem a noite, e acho melhor colocar nossas vidas em primeiro lugar. Temos mais chances de sobreviver se passarmos direto e continuarmos nossa busca por refugiados.

- Sabia que você ia fazer isso, alguns meses de convivência e eu já sei como você pensa.

- Isso seria bom?

Um canibal surge na esquina mais próxima de mim, se aproxima rapidamente, e como estava muito próximo e graças ao susto, dou-lhe um considerável soco que desmonta suas mandíbulas podres, onde sua arcada dentária é tão amarela quanto as pétalas de um girassol. Parecia que cada um deles era diferente dos demais, mas iguais ao mesmo tempo. Cada um dos carniceiros tinha sua característica própria, apenas seu olhar, seu fedor, seu bafo e sua fome o faziam iguais.

Continuamos andando, sem achar mais nenhum deles.Será que a cidade seria mais segura que a estrada? Será que poderíamos procurar uma cura? Mais perguntas sem respostas depois de tantos meses. Uma coisa é fato: quando você pensa que se livra de uma coisa, ela volta para te encher o saco.

Capítulo 5 - Únicos (Alice's POV)

Nos últimos dias, a quantidade de animais foi muito maior do que antes. Agora vinham em grupos, a maioria mais de dez, nos deixando incapacitados de lutar, nos levando a correr, correr e correr. Era realmente estranho. Sempre encontrávamos poucos, dois ou três juntos no açougue de um supermercado, na escuridão de becos e casas abandonadas, mas nunca mais de dez, nunca. E agora eles eram atraídos a nós, mais desvairados do que nunca foram.

- Talvez seja o nosso cheiro. – Miguel disse me despertando de especulações básicas, e cheirando sua camisa que parecia ter semanas. – Estou cheirando a sangue puro, ugh.

- Mas – resolvi por meus pensamentos em prática, talvez ele me ajudasse. – e se eles estão ficando mais fortes? Mais sensíveis a cheiro, e visão? Lembra como não saiam muito quando fazia sol? Agora eles saem.

Ele tornou uma face pensativa, encarando os fatos.

- Não me surpreendo. Eles devem ter consumido o estoque de carnes bovinas da cidade inteira!

Limitei-me a acenar com a cabeça. Eu não tinha certeza de nada, muito menos ele. Estávamos saindo da cidade, em uma estrada mais deserta do que, antigamente, poderia existir. Podíamos estar andando por horas e eu não perceberia. Perdi a noção do tempo completamente, talvez porque não importava mais. Talvez porque não queria. Talvez porque o tempo não existisse mais.

A dor ardida dos arranhados desde o acontecido na “Mansão da Sílvia” nunca pararam. Eu já tinha percebido o quão problemáticos eles ficaram – até porque, depois de tantos dias, eles não cicatrizavam, e continuavam a sangrar sem parar – mas é claro que Miguel não sabia. Eu não precisava de alguém se importando comigo, eu não precisava de ninguém ligando para meu estado.

Mesmo assim, naquele momento, no meio do nada, eu não agüentei mais esconder. Por baixos da minha blusa de mangas longas, as feridas pareciam rasgar mais minha pele, corroendo meu auto controle, me deixando fraca, e eu não pude me impedir de gritar. Para mim mesma, foi o grito mais horripilante que já ouvira, mesmo que nesses meses (é, já deviam ser meses) a única música eram os berros famintos dos animais.

Manchas de sangue encobriram o tecido de meus ombros, e eu gritei novamente. Ardia, parecia nunca acabar, queimava minha pele. Cai sem forças nos chão.

Uma garota de 16 anos não devia passar por isso. Não devia correr para salvar sua vida, não devia não ter esperança. Era demais para mim e meu sistema nervosa. Toda a pressão, e ainda feridas.

Na mesma hora, Miguel me segurou, com uma clara expressão de choque nos olhos. Parecia não saber o que fazer no primeiro momento, parecia estar morrendo de medo de ser meu fim. Com um pouco de dúvida explícita, ele rasgou facilmente as mangas de minha camiseta para analisar os cortes, e sua expressão não fora nada agradável. Me olhou com desaprovação, e uma fúria se construindo nas beiradas do raciocínio.

- Porque não me contou? – ele parecia curioso pelo porque de minha atitude.

- Na nossa situação, fazer você se importar com mais isso ia ser puro egoísmo.

Ele pareceu incrédulo.

- Essa é a maior besteira que eu já ouvi! – bufou com uma desaprovação mais do que aparente e voltou seus olhos para minhas feridas abertas, que transbordavam de sangue. Estendeu a mão para a mochila e pegou um pano que aparentava estar limpo. Eu sabia que só aparentava.

Ficamos em um silêncio agradável por um tempo. Olhava ao redor daquele imenso lugar coberto pelo sol, aquela estrada vazia, e só nós dois, sentados no meio dela. Uma brisa muito leve jogou meu cabelo para trás, e a solidão se apossou de mim.

- Você acha que podemos ser... os últimos?

Ele parou de limpar minhas feridas, e seus olhos ficaram sem foco por um momento, não vendo ao certo meu braço a sua frente. Perdido em pensamentos, como sempre, como eu. Eu jurei ter visto um brilho em seus olhos; uma pequena fração de água em excesso querendo transbordar de seus olhos. Quando ele finalmente falou, era decidido, confiante.

- Há esperança. Eu vou tirar agente dessa.

Suspirei. Eu queria chorar. Eu queria fazer um escândalo. Eu queria mandar para o inferno a máscara de apática, de frieza, de sem interesse. Eu não agüentava mais um minuto ser ameaçada de morte. A decidida fala dele me impediu disso. Eu era fraca demais aqui dentro.

Ele rasgou o pano em dois e amarrou em duas feridas, estacando o sangue. Levantou-se e estendeu a mão em ajuda para me levantar. Segurei sem hesitar.

- Quando chegarmos a alguma cidade, vou pegar na farmácia coisas para seus machucados.

- É claro, Sr. Me Preocupo Com Qualquer Merda.

Ele riu exultante; toda a ironia voltara. Que se dane as máscaras, eu agüento mais um pouco.