sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Capítulo 2 - A sobrevivente

Dois dias se passaram desde o ocorrido em casa.Descobri tudo o que aconteceu enquanto dormia, finalmente: os mortos começaram a andar novamente, e eu agora estava cercado por vários deles no mundo inteiro, ou pelo menos na minha cidade. o pior: todos com fome.No dia em que os mortos se levantaram, espalharam o medo e o terror por todo o planeta. Suponho que um desses filhos-da-mãe entraram em casa e tentaram morder alguém.Eu por algum motivo fiquei desacordado por alguém ter me trancado no quarto.

Nesses dois dias que se passaram, eu saí de meu bairro e devo ter emagrecido uns 10 quilos, apenas por correr dos monstros que queriam se alimentar de mim.Todo canto está enfestado deles e se eu não corresse tão bem, já teria virado um. Procurei um local seguro e achei essa locadora, que por sorte não havia nenhuma aberração esperando para me devorar.Agora estou sozinho e com fome, bebendo só a água da torneira. Preciso tomar uma atitude ou em poucos dias morrerei por gastar tanta energia sem repôr.

Eis que ouço passos vindo na direção da porta da locadora. Lembro-me que não tranquei-a pelo desespero, então corri para barrá-la com alguma coisa.Vejo uma prateleira onde se encontram uns filmes de comédia, um flash de memórias felizes escapa para minha mente, me fazendo lembrar dos bons tempos que tinha com meus amigos e minha família em frente a TV. Empurro a prateleira para trás da porta a fim de barrá-la, mas antes que eu fizesse isto,a porta já estava aberta.Prendi a respiração e fui para um canto escuro da sala tentando me esconder.Vejo um vulto com perfil feminino entrar na locadora e seguir calmamente em minha direção.Já era hora de mostrar meu ódio por esses animais.Estou preparado para o que acontecer, o maldito está se aproximando devagar.Estou suando frio mas agora é a hora, o vulto está perto demais.

- AI! - meio segundo depois e eu havia levado um soco na boca, que agora estava sangrando.

Observo bem e vejo que não se trata de um dos filhos-da-mãe, e sim de uma garota morena,olhos castanhos,mais ou menos minha idade e um pouco mais baixa do que eu, aproximadamente uns 5 centímetros. Eu tinha um metro e setenta.

- Pô, você tá ficando louca garota?! - Exclamei com raiva.

- Me desculpa cara, pensei que fosse um dos monstrengos! - Respondeu a garota.

- É, mas como você acabou de descobrir, eu não sou um.

- Nossa, desestressa aí,Foi só um soquinho.

- UM SOQUINHO?MINHA BOCA ESTÁ SANGRANDO!

- Fala baixo senão um deles pode nos ouvir! - ela sussurrou

Sempre fui meio esquentado, e agora que percebi que estava gritando, abaixei o tom, amedrontado.

- Tanto faz eles nos ouvirem se você socar eles assim também. - Disse emburrado.

- Então, qual é o seu nome? - Pergunta ela, tentando amenizar o clima.

- Miguel, e o seu?

- Alice, prazer. - Ela estende a mão para mim, eu aperto sem excitar.

- Então Alice - me levanto cambaleando, ainda meio zonzo por conta do soco - o que faz aqui?

- Bem, eu sou do outro lado da cidade, e desde que os mortos atacaram, eu estou vagando em busca de algum sobrevivente.Agora que achei um eu pretendo achar mais alguns até formar um grupo. Minha família sumiu de casa e eu não sei se eles sobreviveram ou estão mortos vagando por aí. A esperança é a última que morre, então provavelmente encontrarei com eles em breve.

- Bem, eu estava precisando de companhia mesmo...eu perdi minha família num ataque e... - calei-me por uns instantes, não conseguindo continuar a contar o que havia acontecido.

- Ah, meus sentimentos, de verdade.

- Obrigado.

- E agora o que faremos?

- Bom, se eu não morrer de fome vou morrer por conta desses malditos, então o melhor que temos a fazer é procurar abrigo, comida e água.

- Certo, pode contar comigo. Só desviar dos canibais e tá certo.

- Então acho melhor agente passar em algum super mercado e pegar suprimentos para conseguir ir para um lugar seguro. - disse com a certeza que os mercados estavam todos abandonados por conta do ataque dos mortos.

- Vindo para cá, vi um pequeno à 2 quadras daqui.

Fiquei feliz de achar um sobrevivente, mesmo que não fosse conhecido. Ainda estava muito abalado por aquela situação: meus pais mortos, meus amigos mortos, vários monstros famintos por carne soltos por aí.Mas mesmo com o coração ferido por ter perdido tudo e mais um pouco, virei um sobrevivente em um mundo que não é mais meu.Quem saberia se um dia eles me pegassem? A raça humana estaria realmente extinta? A humanidade daria a volta por cima?
Mais perguntas sem respostas em minha cabeça, eu odiava aquilo.

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